A
PRESENÇA DOS ÍNDIOS E DOS AFRODESCENDENTES DO SUL DE MATO GROSSO
Uma riqueza branca: a exploração do açúcar!
Após um período
de exploração do pau-brasil, os colonizadores perceberam, não em um piscar de
olhos, que a terra da Colônia Brasil era muito fértil e apropriada ao plantio
da cana-de-açúcar. Dessa planta, era possível fazer um produto raro na Europa
desse período: o açúcar, que era conhecido como “ouro branco”, de tão precioso
que era.
Foi, então, que
se iniciou um período de instalação de grandes fazendas que cultivavam imensas
extensões de terra com o plantio da cana-de-açúcar. Certamente, os
colonizadores precisavam de mão-de-obra para arar, plantar, colher e fazer o
processo que daria o açúcar. Foi nesse período que se iniciou o maior e mais
cruel ciclo de exploração de mão de obra escrava da história do País: a vinda
dos povos africanos ao Brasil para servirem de escravos.
A riqueza
branca produzida por mãos negras: a escravidão dos africanos
É importante
lembrar que ninguém veio da África de livre e espontânea vontade. Os africanos
foram apreendidos, presos, pegos de surpresa, seja pelos próprios africanos ou
pelos europeus traficantes que desejavam obter lucros. Depois de presos, eram
trazidos ao Brasil para serem comercializados como se fossem objetos de compra
e venda.
Em nome de uma
cultura que se achava superior que, em nome do cristianismo, alegava que os
negros não tinham alma e que, em nome da chamada “civilização”, considerava
inferior qualquer cultura que não fosse a européia, os negros africanos foram
brutalmente arrancados de seus lugares de origem e trazidos à força para
servirem de mão de obra escrava para fazer a riqueza da Metrópole.
Os africanos
que se tornavam escravos no Brasil foram pegos, reunidos, colocados em grandes
embarcações e trazidos para a terra brasileira. É importante lembrar que o
continente africano é grande e, lá, existiam e existem vários povos, várias
culturas, várias línguas. A nova vida imposta aos africanos se iniciava nas
grandes embarcações que atravessavam o Oceano Atlântico.
Nas embarcações, os africanos eram amontoados em grande número,
pois eram considerados coisas e não pessoas. Muitos morriam na viagem, pois
além do número elevado de pessoas amontoadas umas sobre as outras, as condições
de higiene eram péssimas. Os navios eram chamados de “tumbeiros” devido ao
grande número de africanos que morria durante a viagem. Para os
traficantes de escravos, o mais importante era o lucro. Ao chegar à costa
brasileira, os africanos eram vendidos aos senhores, os donos das terras, para
trabalhar na lavoura.
Durante cerca
de duzentos anos, o açúcar fez a riqueza da Metrópole, à custa de muita
violência cometida contra os escravos, principais responsáveis pelo cultivo e
produção do chamado “ouro branco” que era o açúcar. O sistema escravista gerou
riqueza para a Metrópole, contudo os escravos nunca aceitaram a escravidão de
forma pacífica e tranqüila.
Os escravos africanos
resistiram o quanto puderam: fugiram, evitaram ter filhos para que não
nascessem escravos e criaram os quilombos, lugares no meio das matas que
serviam para viverem longe da escravidão.
Indígenas
e africanos: nosso povo, nossa gente.
Os indígenas e os africanos não
“contribuíram” com a história do Brasil como muita gente pensa. Primeiro, que
os indígenas já viviam aqui antes dos europeus. Então, os indígenas, juntamente
com os colonizadores europeus e com os africanos, construíram o Brasil.
Portanto, não é bom a gente pensar que os indígenas e os africanos, de forma
ilustrativa e folclórica, “contribuíram” com a formação do povo brasileiro.
Somos um povo muito mais indígena e negro, somos parte de uma mistura que não
foi voluntária, foi forçada. Por isso, não vale ter preconceito e achar que um
povo é superior ou inferior ao outro. Cada
povo, com sua cultura, deixou e ainda deixa sua marca, alguns mais, outros
menos, mas deixaram-na e a deixam todos os dias. Por isso, somos o povo
brasileiro: um povo indígena, negro e europeu.
Atividades para pensar, pesquisar, escrever e conhecer mais nossa
história.
1 - Antes mesmo da assinatura da Lei Áurea, a
escravidão no Brasil estava com seus dias contados. Que fatores contribuíram
para que fosse assinada uma lei concedendo a liberdade aos escravos?
2 – Antes de a Lei áurea libertar todos os
escravos, outras duas leis foram criadas na tentativa de conceder liberdade
para alguns escravos. Faça um pequeno texto dizendo para quem as duas leis eram
direcionadas e por que elas não foram consideradas tão importantes naquele
período.
3 – Após a libertação, quais foram os
problemas que os ex - escravos enfrentaram?
4 – A escravidão deixou marcas profundas na
sociedade brasileira. O racismo é uma delas e todos precisam lutar contra essa
prática. De acordo com tudo que foi estudado até agora, é um fato verdadeiro.
Dê sugestões para contribuir para dar fim com o racismo em sua escola.
5 – Você percebeu que nem todos eram
favoráveis ao regime de escravidão. Os abolicionistas a condenavam em vários
espaços. Um dos instrumentos era o jornal. Seja um desses abolicionistas e crie
uma reportagem denunciando a situação dos escravos e exigindo a extinção da
escravidão. Não se esqueça de ilustrar sua matéria.
Atividade retirada do Livro História do Mato Grosso do Sul - 4º ou 5º ano: manual do professor/ Diane Valdez, Miriam Bianca do Amaral. - Curitiba, PR: Base Editorial, 2011.